O Governo Autónomo da Catalunha fez saber ontem que os presumíveis membros da ETA filmados pelas câmaras de segurança de um supermercado francês são, afinal, bombeiros catalães de férias em França. A notícia caiu que nem uma bomba nos dois países, com as forças antiterroristas dos dois lados da fronteira a admitirem que se precipitaram e que se enganaram. Os bombeiros estiveram cinco horas presos, sem comer nem beber, e queixam-se de maus tratos.
A divulgação do vídeo, na sexta--feira, seguiu-se à morte, na terça, de um polícia francês num tiroteio com alegados membros da ETA que tinham assaltado um stand de automóveis na localidade de Dammarie-lès-Lys, junto a Paris.
Ora, as imagens de vídeo foram gravadas pelas câmaras de segruança de um supermercado naquela localidade, um dia antes do referido tiroteio, com as forças de segurança francesas e espanholas a garantirem na sexta-feira que alguns dos etarras do vídeo ainda se encontravam em fuga.
Horas depois da divulgação do vídeo, familiares dos visados nem queriam acreditar no que viam e alertaram a Comunicação Social. Mas os cinco bombeiros já haviam sido detidos e levados para interrogatório.
Mesmo com o alerta dado pela imprensa, os bombeiros catalães continuaram a ser interrogados, e a polícia francesa necessitou de cinco horas para concluir que os homens não eram terroristas mas simples cidadãos a gozarem férias. Os bombeiros acabaram por ser libertados ontem à tarde e fizeram questão de demonstrar a sua indignação.
"Aqui fomos etarras", declarou Oscar González à RTVE, afirmando que foram agredidos e que estiveram as cinco horas sem comer ou beber. O bombeiro adiantou que após o regresso à Catalunha irão estudar as medidas a tomar.
As autoridades francesas apressaram-se a reconhecer o erro e dizem que estão a investigar o caso. "O processo de averiguações está em curso", anunciou o governo. Também o ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, admitiu ter havido falhas. "Podíamos ter feito melhor", reconheceu Rubalcaba, acrescentando: "No fundo, tratava-se [as detenções] apenas de uma linha de investigação, e era isso que devia ter ficado claro."
APONTAMENTOS
POLÍCIA DEU O ALERTA
O testemunho de um polícia reformado que se deparou no supermercado com um grupo que falava espanhol levou os investigadores a visionarem as imagens de vigilância do referido estabelecimento.
AS IMAGENS SUSPEITAS
Nas imagens vê-se cinco homens a entrarem no supermercado,um dos quais a empurrar umcarro de compras, enquanto os outros quatro seguem atrás, dois deles a conversar e gesticular.
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